sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Critérios na escolha de plataforma para o Mobile Payment no Brasil

Muito se fala, sobretudo as bandeiras de cartão de crédito, sobre o uso do contact less como sendo a plataforma de tecnologia ideal para aplicações de mobile payment. Discordo totalmente desta visão e explico, a seguir, porque:

- o contact less, como manifestado por seus defensores, exige modelo de negócio onde a operadora de telefonia móvel tenha papel protagonista, além de fabricantes de celulares, pois o aparelho precisa ser capacitado para emissão do NFC (Near Field Communication), ou sinal de rádio por aproximação, emitido por dispositivo de chip no próprio aparelho distinto do chip GSM. Com isso, bancos, bandeiras e redes adquirentes, passariam a contar com uma cadeia mais complexa no negócio meio de pagamento, incluindo novos “sócios” heterogêneos ao seu meio.

- a plataforma, além disso, exige que as lojas tenham um “device” de captura e interpretação do sinal NFC emitido por aproximação pelo celular do cliente. Trata-se de um novo hardware, a ser incorporado na rede, com custos expressivos se considerado de aplicação massiva. As principais redes adquirentes afirmam terem filiado no Brasil mais de 1 milhão de lojas. Considerando que em uma grande loja, um supermercado, por exemplo, vários check outs estão disponíveis, então uma aplicação massiva do NFC exigirá o investimento de um múltiplo de milhão de unidades para ser efetivo. Quem pagará por isso? A rede adquirente? A operadora? O banco? Ou talvez um novo aluguel de terminal onerando o lojista?

- a tecnologia do contact less pode ser aplicada de forma efetiva e inquestionável em situações especificas, por exemplo, facilitando o acesso para estádios de futebol, ou em transportes públicos, como aliás se iniciou de forma prática no Japão e na Korea. Difícil considerá-la, no Brasil, mais em particular, como solução abrangente. Para reforçar o ponto de vista, tome-se como um novo exemplo, as compras através da internet. Como aplicar o contact less para autenticar clientes neste caso? Se até hoje os cartões e crédito não dispõem de plataforma com usabilidade para incorporar a senha do cartão nas compras de comércio eletrônico, o que se falar de uma transação contact less virtual...

Pelos argumentos apresentados, concluo que a defesa do contact less como solução para o mobile payment tem nas entrelinhas, ou de forma não explicitada, posicionar a plataforma para aplicações marginais, nichadas que jamais serão massificadas. Se quisermos considerar aplicações de porte e amplitude no Brasil, certamente não seria o contact less a solução adequada. Então, antes de defender voz, SMS, contact less ou outra plataforma de tecnologia, deve-se definir a aplicação que se pretende desta tecnologia, sua abrangência e os critérios de escolha. O MCash fez esta analise há 4 anos atrás, concluindo ser a plataforma de voz a mais abrangente, a de melhor usabilidade para o cliente final, e a de menor impacto para o lojista, considerando-se o mercado brasileiro.

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